quinta-feira, 4 de outubro de 2012

TUDO SOBRE PALMADAS



Todo mundo sabe o que é uma palmada; muitos já levaram algumas em certo momento de suas vidas como método de disciplina. As palmadas despertam lembranças de punição corporal na infância ou adolescência e, por isso, são associadas a uma figura de autoridade. Isso, além da proximidade física com que as palmadas são dadas, faz dessa prática algo especial, porque é muito mais pessoal e íntima do que qualquer outra. Além de causar sensações únicas, uma sessão de palmadas (chamado de “spanking” em inglês) é uma das práticas mais comuns de disciplina no BDSM por ser uma das poucas que podem ser feitas sem nenhum equipamento: tudo o que você precisa é de uma mão e uma pessoa para receber as palmadas.
As palmadas podem ser dadas em uma infinidade de posições e geralmente atingem os glúteos ou a parte superior das coxas. Sessões também podem incluir o uso de outros implementos, como palmatórias, cintos, chinelos, réguas ou outros brinquedos. Algumas posições podem tornar o uso de certos brinquedos desconfortável para o dominante, ou até mesmo perigoso para o submisso.

Técnicas e segurança

Essa prática pode ser uma experiência bastante erótica, porque a sensação de queimação gerada nos glúteos se espalham por toda a área pélvica do submisso, aumentando rapidamente a excitação sexual: uma sessão de palmadas mais lenta, alternando entre tapas fortes e leves e pequenas massagens, pode ser muito excitante. Para aqueles que curtem a dor, isso funciona como um aquecimento: além de aumentar o limite de dor do submisso, as pancadas mais fortes não machucam tanto, porque as palmadas mais leves fazem com que os glúteos acumulem sangue, o que “acolchoa” os tapas mais fortes.
A dor gerada pelas palmadas pode perdurar por vários dias após o término da sessão. O que faz mais diferença não é a força dos tapas, mas a duração da sessão: durante as palmadas, os nervos dos glúteos ficam adormecidos, o que reduz muito a dor inicial. Para quem tem intenção de causar dor, como por exemplo, em punições, o ideal é dar palmadas mais leves, para não cansar o braço, e dar intervalos entre as sessões para que os nervos fiquem ativos novamente.
Há várias coisas que podem ser feitas para aumentar a tensão sexual do submisso: você pode usar jogos de palavras, contando o que vai fazer, ou privá-lo dos sentidos, por exemplo, com uma venda nos olhos, causando uma antecipação maior. Nada impede que sejam usados brinquedos, como vibradores ou plugs anais, ou outras idéias mais criativas, como brincadeiras com cubos de gelo. Beijos, modidas, massagens; tudo é permitido. Alternar o lugar que está recebendo as palmadas, como por exemplo, entre o interior das coxas e o “sweet spot” dos glúteos – aquele lugar onde as coxas e as nádegas se encontram, bem no centro -, pode ser bem estimulante. Tomando-se o devido cuidado, dá pra integrar até mesmo tapas mais leves na região genital.
Para causar mais dor com a mão, separar os dedos durante o tapa faz com que a ardência se espalhe por uma área maior e diminui a resistência do ar, aumentando a força da palmada. Outro modo é manter a mão um pouco curvada, com os dedos unidos e o pulso rígido, o que causa uma sensação similar a de uma palmatória.
O corpo do submisso responde à uma sessão de palmadas prolongada com uma “overdose” de endorfinas, que pode levá-lo ao “subspace“, um estado onde toda dor é transformada em prazer; nesse momento, como o submisso parece não se incomodar com a dor, alguns dominadores podem acabar se empolgando e achando que devem bater mais forte. É importante que o dominador saiba quando parar para previnir acidentes mais graves. Jamais atinja uma área do corpo que esteja esbranquiçada, ou você pode causar hematomas sérios. O ideal é alternar entre as áreas que serão atingidas para que os nervos não adormeçam rápido demais.

Posições adequadas

A posição selecionada é algo que deve ser discutido entre os praticantes. Um dos fatores que destaca as palmadas de outras formas de discipina é o posicionamento deliberado e, às vezes, até ritualístico dos parceiros. Tanto o dominador quanto o submisso adotam posições que facilitam e realçam as palmadas. Geralmente, as posições funcionam de modo vantajoso para o manuseador e desvantajoso para o submisso: o dominador usufrui de diversas vantagens de acordo com o posicionamento. Em pé ou sentado, o dominador é posicionado para se manter confortável durante toda a sessão de palmadas, com capacidade de extender e balançar o braço tranquilamente em um ângulo natural. Enquanto em pé, o manuseador pode não apenas balançar o braço, como também girar o corpo em torno de si mesmo; por conta dessas vantagens, as palmadas podem ser aplicadas com mais precisão e força.
A posição do submisso é planejada para expôr completamente seus glúteos, enquanto a posição relativa do manuseador deve colocá-lo em um ângulo e altura convenientes; assim, o dominador pode facilmente ver, mexer, beliscar, acariciar e bater. Além disso, como o dominador tem mais facilidade de atingir os glúteos no ângulo correto, as chances do tapa acabar em um lugar muito alto ou muito baixo é menor, reduzindo os riscos de acidentes. Todas essas vantagens fazem com que o dominador possa manipular o submisso a seu favor e detê-lo a qualquer momento.
É importante que o submisso também esteja relativamente confortável, especialmente em sessões mais longas, para que possa se concentrar nas sensações causadas em sua região traseira. Para sessões de punição, o submisso pode ser colocado em uma posição que o obriga a empinar e expor seus glúteos continuamente para a próxima palmada. A inclinação do submisso para empinar a bunda sinaliza o início de uma sessão de palmadas e reforça a antecipação.
A posição clássica para palmadas é o submisso deitado sobre o colo do dominador (OTK, do inglês “over the knee“, “sobre os joelhos”). As mãos do submisso podem tocar o chão ou a cadeira e seus quadris devem ficar sobre a coxa do lado da mão dominante do dominador. O braço do dominador deve sobre as costas inferiores do submisso, o cotovelo confortavelmente entre os ombros e a mão segurando a cintura firmemente. Isso serve para estabilizar o equilíbrio e previnir quedas, além de dar ao dominador o controle de restringir os movimentos do submisso. Essa posição é feita melhor em uma cadeira com recosto ou algum outro assento onde o dominador possa sentar confortavelmente com a coluna ereta e aguentar o peso do submisso.
Há algumas variações dessa posição, tais como o submisso inclinar sobre uma coxa do dominador enquanto tem suas pernas presas entre as pernas do seu parceiro. Esse é um modo eficaz de impedir chutes involuntários e interferências, além de aumentar a humilhação do submisso.
Uma bunda propriamente posicionada tende a ser atingida mais forte e por uma mão mais cheia no sweetspot, a região de sentar. Ser colocado no colo do dominador é uma postura infantil e degradante; ter de adotar a posição por conta própria é humilhante por si só e ressalta o fato de que o submisso não está levando qualquer tipo de punição corporal, mas especificamente palmadas. Os glúteos devem estar totalmente expostos, com as nádegas bem exibidas e separadas e a região inferior virada pra cima. O ânus, assim como o escroto ou a vulva, ficam inteiramente visíveis.
O posicionamento para as palmadas colocam toda a atenção na bunda do submisso, enfatizada pela exposição e por estar virada relativamente ao dominador. Se colocar numa posição para ser punido cooperativamente é um dos atos primários de submissão. Além disso, o submisso sente que está empinando e expondo os glúteos voluntariamente para ser punido e sabe que se encontra vulnerável e incapaz de desviar ou fugir das palmadas, mesmo se tentar: uma vez posicionado, o submisso renuncia todo o seu controle e não espera recuperá-lo até o término da sessão.
Em pé, o submisso pode contrair os glúteos, atenuando a dor do tapa e da exposição. Em uma posição apropriada, é extremamente difícil contrair os músculos e as palmadas serão aplicadas em glúteos relaxados e balançantes.
Há outras posições interessantes, como deitar o submisso de bruços em uma superfície plana com seus quadris e glúteos elevados por travesseiros; inclinar o submisso sobre uma mesa ou balcão, ou mesmo sobre o fundo de uma poltrona ou cadeira; e fazer com o que o submisso flexione sobre si mesmo, segurando suas próprias pernas, tornozelos ou joelhos – essa é a posição mais clássica para o uso de palmatórias. Não importa a posição, o dominador deve ter espaço suficiente pra tudo o que pretende manusear na sessão e acesso livre ao submisso sem precisar fazer esforço.

“Aftercare”

Após uma sessão de palmadas,  o submisso precisa de “aftercare” apropriado, assistência tanto física quanto emocional. Cada pessoa tem necessidades diferentes e é interessante discutí-las com o seu parceiro antes da sessão. O dominador precisa estar preparado para dedicar seu tempo e atenção para o bem estar do submisso, que pode ter reações inesperadas. Para algumas pessoas, abraço e carinho pode ser confortante; outras gostam de serem deixadas sozinhas por um tempo. Pra todo caso, uma sessão longa de punição corporal pode ser muito cansativa; ofereça água ao submisso e leve-o a um local confortável e aconchegante. No caso de machucados ou hematomas, ou até mesmo para aliviar a dor, muitos se sentem aliviados com massagens feitas com loções específicas.
Além disso, essas sessões tendem a ser emocionalmente desgastantes, também para o dominador, mas principalmente para o submisso, que pode se sentir vulnerável e confuso, com sentimentos de humilhação e insegurança. Isso pode ser ainda pior caso o submisso tenha alcançado o subspace, porque leva um tempo até que as endorfinas voltem ao nível normal e, nesse momento, os lugares que não doiam antes passam a doer. O submisso precisa, acima de tudo, sentir que está recebendo atenção, companhia e respeito do seu dominador enquanto processa tudo que está acontecendo com ele. Um aftercare bem feito é uma finalização maravilhosa para qualquer sessão e aumenta incrivelmente a intimidade e a confiança entre os parceiros.
Em caso de punições em relacionamentos de disciplina, o aftercare será obviamente diferente, mas ainda é importantíssimo que o submisso compreenda e seja assegurado de que foi perdoado e que ainda receberá cuidado e carinho do seu dominador.


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