quinta-feira, 16 de agosto de 2012

REGRAS NO BDSM, DEVEM EXISTIR?



Às vésperas de mais um treinamento - período em que minhas escravas ficam submetidas à rotina diferenciada do que vivem no cotidiano -, sempre cheio de regras, passei a refletir sobre a necessidade ou não das mesmas.

Não sou um Dominador que gosta de castigar uma escrava sem motivo aparente. Nas relações D/s, não vejo sentido nisso, pois a escrava fica sem ter o que fazer. Em minhas fantasias prefiro criar situações onde os erros aconteçam e uma forma de fazê-lo é através de uma grande quantidade de regras – de preferência complexas e diversificadas. Isto sim aguça o meu sadismo, pois o sofrimento da escrava é consciente.

As regras são criadas para ordernar o tipo de comportamento de um determinado grupo. Têm como objetivo tornar mais eficiente a execução de procedimentos previamente estabelecidos. Pauta-se pela racionalidade, pela legalidade e também pelos costumes e diversidade cultural. Se vamos à Igreja devemos nos comportar conforme as regras do lugar, não dá para agirmos como se estivéssemos num clube. Da mesma forma, se estamos entre praticantes do BDSM devemos tratá-los como os costumes da nossa Comunidade respeitando papel que cada um escolheu viver.

A internet facilitou muito a disseminação das vivências BDSM, mas também trouxe muitos “curiosos” para o meio. Pessoas que vêm com diferentes propósitos, sendo os mais comuns: a busca pelo sexo diferente e a busca de reconhecimento pessoal e elevação da autoestima, ou seja, o SM torna-se uma forma de fuga da realidade.

Tenho ficado bastante tempo nas salas de chat e vejo coisas engraçadas, para não dizer paradoxais. Mulheres que se dizem submissas e ao mesmo tempo exigem isto ou aquilo, homens que se dizem Dominadores, mas não tem a menor idéia do que estão falando ou fazendo ali. Pessoas que se esquecem que deve haver coerência entre suas atitudes e o papel escolhido.

Não é uma comunidade que se molda à pessoa que chega, mas sim o contrário: ao entrar em um grupo – seja de que natureza for – é preciso conhecer e respeitar as regras que ali existem, não dá para querer criar novas regras, muitas vezes descabidas e o sem menor conhecimento de causa. Caso não consiga fazer isto é melhor procurar outra tribo.

Por esta razão, prezo tanto o uso de regras e faço questão que as minhas escravas tratem todos da Comunidade BDSM de forma compatível ao papel de cada um, seja em ambientes virtuais ou reais – desde que haja respeito da outra parte, óbvio.

No ambiente profissional, social e familiar, por exemplo, as regras de boa convivência são explícitas e determinadas. No meio SM não é diferente. O discurso “eu só respeito o meu Dono” é muito pobre para uma submissa. Se ela escolheu ser submissa deve respeito os Dominadores de modo geral, digo respeito, não servidão! Na mesma medida vejo como desrespeitoso o “dominador” que, numa primeira abordagem, trata a suposta escrava por “cadela” ou algo similar, sem saber se a pessoa tem ou não esta fantasia, ou então, aborda de forma vergonhosa escravas de coleira.  Seu tempo seria melhor aproveitado se procurasse ler e aprender sobre conceitos, práticas e costumes da Comunidade BDSM, antes de se autointitular “Dominador”, “Lord”, “Mestre”, “Senhor” entre outros nobres títulos.

Regras sempre existirão nas mais diversas situações. O modo pelo qual tais regras são aceitas e cumpridas é o que legitima, ou não, a inserção do indivíduo num grupo. Quer vivenciar as práticas BDSM? Aprenda sobre os costumes e regras da Comunidade. Atitudes assim favorecem a criação de uma imagem positiva de respeito e credibilidade dos que se iniciam no meio.

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